Tsuru: A ave sagrada do Japão

Tsuru: A ave sagrada do Japão

Os tsurus (grou) são aves grandes, de cores contrastantes, plumagem clara, chegando ao branco, com extremos de fascinante degradê vermelho, e dotado de inigualável encanto. Beleza essa considerada sagrada pelos japoneses que acreditam que o pássaro representa a vitalidade da juventude.

São tidos como os pássaros mais velhos do planeta, com expectativa de vida de cerca de mil anos. Ao longo dos anos, por terem sido companheiros dos eremitas, creditaram aos tsurus a mística de serem um talismã poderoso, aves com ações sobrenaturais e capazes de retardar o processo de envelhecimento. Dessa forma, o pássaro ganhou o título de “Pássaro da longevidade”. Essa crença da juventude perdura até os dias atuais, onde essas aves simbolizam a mocidade eterna e a felicidade plena. Também simboliza o amor conjugal e a fidelidade, isso porquê esta ave é monogâmica, ou seja, depois que um casal de grous se une, só a morte os separa.

Existem mais de 15 espécies de grous que habitam o planeta, porém o mais majestoso é o grou japonês (Grus japonensis), comum no leste asiático. Esta espécie, cujas penas são brancas e possui uma coroa vermelha no topo da cabeça e que podem chegar a cinco metros de altura e mais de seis metros de envergadura, estão entre as mais raras do mundo. Estima-se que no Japão exista apenas 1.000 delas.

 

O Origami:

A arte do origami (dobrar papel) se inspirou nessa ave para criar uma de suas mais conhecidas formas, tanto que muitos também consideram o tsuru como o símbolo dessa arte japonesa. Até algum tempo atrás era comum encontrar no Japão pedaços de barbantes amarrados com vários desses tsurus de papel, que eram pendurados no teto para distrair os bebês ou deixados nos templos para pedir proteção.
No Japão, acredita-se que dobrar 1.000 origamis de tsurus com a mente direcionada para uma necessidade, garante seu desejo realizado. Diz que quanto mais origamis de tsurus o adoentado fizer, mais rápida será a sua recuperação.

 

Os 1.000 tsurus de Sadako Sasaki:

Sobre dobrar os mil tsurus de origami e ter seu desejo realizado, a lenda foi reforçada a partir de uma das mais belas histórias de esperança e luta pela vida.

No dia 6 de agosto de 1945, ocorreu um dos mais trágicos eventos da história da humanidade: os Estados Unidos detonaram sobre a cidade de Hiroshima, no Japão, a primeira bomba atômica da 2ª Guerra Mundial. A bomba caiu a pouco mais de um quilômetro da casa da menina Sadako Sasaki, que na época tinha dois anos de idade. A mãe de Sasaki conseguiu salvá-la da explosão, no entanto, durante a fuga, as duas tomaram da chuva radioativa que caiu após o ataque.

Ela viveu normalmente até os 12 anos de idade, quando descobriu que estava com leucemia (câncer no sangue), devido a radiação nuclear a que foi exposta. Em tratamento no hospital, ela recebeu a visita de uma amiga que lhe contou a lenda dos mil tsurus de papel. Logo, começou a fazer as dobraduras, mentalizando sempre a sua cura, para que ao final do trabalho ela saísse do hospital livre da leucemia.

Sasaki, no entanto, não teve forças para completar os mil pássaros de papel que pretendia, tendo feito 964 tsurus até o dia 25 de outubro de 1955, quando veio a falecer. Seus colegas de classe completaram os tsurus de papel que faltavam a tempo para seu enterro. A notícia do esforço da menina logo se espalhou pelo Japão e pelo mundo.

Essa historia é considerada como um dos símbolos da luta pelo fim das armas nucleares. A vontade de viver da menina Sasaki, que se pôs a fazer mil origamis de tsurus, transformou-se no símbolo da paz.

 

Fonte: mundo-nipo.com

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